Vila portuguesa localizada na região Centro (Cova da Beira) no Distrito de Castelo Branco. O município é demarcado a norte pela Guarda, a leste pelo Sabugal, a sueste pelo Fundão e a oeste pela Covilhã.
A história da vila remonta ao século XII, altura em que D. Sancho I (1199) lhe atribui a Carta de Foral, ou simplesmente Foral ("documento utilizado durante o império colonial que visava estabelecer um Concelho e regular sua administração, limites e privilégios”). Juntamente com os castelos da Sortelha e Vila do Touro formava a linha defensiva do Alto Côa até à assinatura do Tratado de Alcanices (“…assinado entre os soberanos de Leão e Castela, Fernando IV (1295-1312), e de Portugal, D. Dinis (1279-1325), a 12 de Setembro de 1297. Por ele, se restabelecia a paz fixando-se os limites fronteiriços entre os dois reinos”). O Castelo de Belmonte foi sendo melhorado ao longo dos reinados de D. Afonso III, D. Dinis e D. João I.
Entre 1460 e 1470, talvez em 1467 ou 1468, não há dados concretos, nasceu em Belmonte o navegador português que descobriu o Brasil, Pedro Álvares Cabral. Por esta via, para além da importância estratégica na conquista e defesa do território nacional, Belmonte ficaria também associada às descobertas portuguesas além-mar.
No panteão dos Cabrais, existe igualmente uma arca tumular
(ver fotos) em granito que contêm cinzas retiradas do túmulo do navegador. Estas terão sido oferecidas pela Câmara Municipal de Santarém, em 1961.
Já no séc. XVI, Belmonte viria ainda a assumir um papel relevante junto da comunidade judaica aquando da perseguição da Igreja levada a cabo contra os judeus. Mais precisamente em Dezembro de 1496, D. Manuel determina por decreto a expulsão dos judeus e mouros que num prazo de 10 meses não se convertessem. Durante o seu reinado, apesar de algumas medidas contraditórias, tal como o pedido de estabelecimento da Inquisição em 1515, D. Manuel terá tentado estabelecer uma política integracionista pacífica junto da comunidade judaica.
O Tribunal do santo Ofício da Inquisição viria a ser estabelecido a 23 de Maio de 1536 durante o Reinado de D. João III. Antes e após, muito judeus abandonaram o território português com receio das represálias às mãos da Inquisição, outros foram obrigados a converter-se ao Cristianismo (Marranos) mas mantiveram o seu culto e tradições culturais no seio familiar. Conta a história que houve um grupo de judeus que, numa atitude extrema, se agregou numa comunidade fechada e foi seguindo as suas tradições à risca mantendo-as quase intactas ao longo dos tempos.
Em 1989 é oficialmente criada a comunidade judaica de Belmonte e em 1997 é inaugurada a sinagoga. A comunidade judaica de Belmonte é uma das poucas que tem um Rabi. Em 2005 é inaugurado o Museu Judaico de Belmonte, o primeiro do género em Portugal. O Museu apresenta uma mostra das tradições, vivências e história dessa comunidade.
Locais a visitar:
- Castelo de Belmonte;
- Igreja de São Tiago, um templo românico do século XIII que sofreu alterações com o decorrer dos tempos;
- Pelourinho, o símbolo medieval de poder municipal;
- Capela Gótica da Nossa senhora da Piedade, onde se encontra uma belíssima pietá, escultura gótica, monolítica, em granito da região. (“Uma Pietà (italiano para Piedade) é um tema da arte cristã em que é representada a Virgem Maria com o corpo morto de Jesus nos braços, após a crucificação. Associa-se assim às invocações de Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora das Dores”);
- Sinagoga, um templo da comunidade judaica de Belmonte;
- Igreja Matriz, uma construção recente que alberga a imagem de Nossa Senhora da Esperança que, segundo a tradição, é a santa que Pedro Álvares Cabral levou na viagem de descoberta do Brasil;
- Ecomuseu do Zêzere, uma estrutura que aborda o rio Zêzere numa perspectiva do seu património natural e cultural, privilegiando os aspectos ligados à fauna, flora, uso do solo e povoamento;
- Museu Judaico de Belmonte, estrutura única no nosso País;
- Museu do Azeite;
- Museu dos Descobrimentos.
Para finalizar, só mais uma dica, logo à chegada a Belmonte, trate primeiramente de reservar mesa para o almoço sob pena de não encontrar vaga nos restaurantes. Quando estiver refastelado a apreciar os saborosos petiscos da região, aconselho queijos e enchidos, aproveite e saboreie o fantástico vinho koscher